


Um grito feminino da era Vitoriana ecoa na Bienal do Livro de SP
No romance de época “A dama de papel”, a autora Catarina Muniz mostra a luta bastante atual de uma mulher por sua liberdade.
“Sou pouco, tenho menos ainda. Mas me pertenço!”. Esta frase resume a personalidade independente e selvagem de Melinda Scott Williams, ou Molly, heroína do romance de época “A dama de papel”. Nascida numa família de classe média na Londres Industrial, Melinda resolve fugir de casa para escapar de um casamento arranjado com um rico financista do ramo de estradas de ferro. Acolhida por uma cafetina num cortiço da periferia de Londres, Melinda passa a ser chamada de Molly, uma mulher que faz muito sucesso se prostituindo e que defende com unhas e dentes o direito de ser dona do chão sob os pés.
De acordo com a autora, a obra traz questões bem atuais: “Apesar do lapso temporal, é uma história com a qual centenas de leitoras se identificaram por apresentar uma mulher que busca a independência financeira e emocional numa época em que isso era impossível de existir para o sexo feminino. Hoje nós somos livres para trabalhar no que quisermos, mas ainda enfrentamos a desigualdade salarial, a desigualdade de oportunidades, sem falar no medo constante de sofrermos algum assédio pelo simples fato de sermos mulheres. É um romance que nos faz lembrar que a luta feminina é bem antiga.”
A prostituta Molly vê suas certezas abaladas ao conhecer Charles O’Connor, um empresário casado e bem sucedido, herdeiro de um complexo têxtil, por quem se apaixona e com quem vivencia os momentos mais calientes do livro.
“Há uma forte carga erótica no livro, sem dúvida! No entanto, busquei manter um tom elegante e até mesmo poético nas passagens mais quentes. É uma forma de me diferenciar um pouco dos tantos livros eróticos publicados atualmente.”, diz a autora Catarina Muniz.
Aos 36 anos, a alagoana tem publicado, além de “A dama de papel”, o romance erótico “Carmim”, disponível na Amazon. Mas engana-se quem pensa que ser escritora sempre foi um objetivo para ela: “Eu costumo dizer que às vezes a gente escolhe o caminho, mas outras vezes, é o caminho que nos escolhe. Eu nunca imaginei ser escritora.
Gostava de ler e tinha consciência que sabia escrever bem, mas nada além disso. Meu sonho era ser diplomata!”, sorri ela, ao lembrar de sua trajetória. A aventura literária começou em 2012, após ser diagnosticada com Síndrome do Pânico: “Minha vida parou! Fui afastada do trabalho por dois meses, tinha crises convulsivas de choro, perdi quase 10 kg, não dormia nem me alimentava direito. A todo o momento, esperava a morte. Foi então que comecei a escrever alguns contos e poemas, a maioria com uma forte carga erótica, e publicar num blog anônimo. Fazia isso sem intencionar nada além de me distrair, queria manter a cabeça ocupada.”. Mas, para sua surpresa, o blog passou a ter centenas de acessos de diversas partes do mundo. Decidiu então dar um passo adiante e, estimulada por amigos próximos, começou a escrever o que viria a ser o seu primeiro romance, intitulado “O segredo de Montenegro”. E o sucesso foi maior do que ela esperava. “Eu vendi uma boa quantidade de livros, primeiro através da autopublicação, depois através de uma pequena tiragem de alguns exemplares para o lançamento.
Imediatamente comecei a escrever ‘A dama de papel’ e enviá-lo para algumas editoras. Em janeiro de 2015 a Universo dos Livros me enviava uma proposta de publicação e em outubro passado, o ‘A dama de papel’ foi lançado em todo o Brasil. Fiquei em êxtase!”, diz ela, que se prepara para desembarcar em São Paulo no final do mês, para participar da 24ª Bienal Internacional do Livro, que será realizada no Pavilhão de Exposições do Anhembi, entre os dias 26 de agosto e 04 de setembro. “Estarei autografando ‘A dama de papel’ no dia 28 de agosto, a partir das 16h, no stand da editora. E mal posso esperar!”.
No momento, Catarina têm se dedicado a escrever um novo romance de época, desta vez ambientado na Florença renascentista do século XV.
Os leitores interessados em conhecer a fascinante história de Molly podem encontrar “A dama de papel” nas melhores livrarias e sites de venda do país, além é claro de poder adquirir uma cópia autografada pela autora durante a Bienal do Livro de São Paulo.